terça-feira, 7 de junho de 2011

O amor dói

do que eu tenho visto por aí, os tipos de pais dividem-se por vários padrões muito distintos. 
Há os "Ai Gonçalinho da Fonseca Albuquerque, que está um sol horrendo! Deixe-me aplicar-lhe um pouco de protector solar factor 546! Venha cá."
Há os "Oh Zé Miguel, quantas vezes é que eu já te avisei para não enfiares sacos de plástico na cabeça da tua irmã? Arre lá para o miúdo!".
Há os "Negativa a matemática outra vez?? Lindo serviço! LINDO SERVIÇO!!".
Há os "Desculpe, o seu filho é que começou... o meu estava aqui quietinho e o seu é que lhe despejou a caixa de legos na cabeça.".
Há os "Continua a portar-te assim que vais para um colégio interno!".
Há os "Conta lá a mamã o que foi... o que foi amor? O que se passou? Fizeram-te mal foi? É inveja de ti, filho... diz lá à mamã o que foi. Fala com a mamã, fala...fala com a mamã, fofinho...".

E depois há outra espécie de pais que eu julgava serem apenas um mito urbano, mas que afinal há mesmo (eu estava lá, eu vi, eu presenciei, por isso sei do que falo). Chamo-lhes os pais wrestling. 

O pai wrestling chega ao pé da filha "Tás a comer outra vez?? Oh foda-se! Já viste essa pança ó minha gorda? Levas pá! Toma! O quê??? Mau, não me dês pontapés! AHAHAHAH! Quem é que tem cócegas, quem é?? Tou-te a aleijar? Oh caralho, pára quieta! Pára com os pontapés, já disse. Depois dizes que eu te aleijo! Levas-me um chuto nesse cú! AHAHAH! Eu avisei! Olha que levas outro! Deixa-me cá dar um beijinho nessa cara feia! AHAHAHAH! Não paro, não! Não paro, não! Feia! AHAHAHAH! Quem tem cócegas, quem ééééé?".

Eu nos primeiros segundos ainda pensei que fosse um caso flagrante de maus tratos, mas não. É assim que naquela família se trocam mimos e carinhos. Pontapés intercalados com cócegas violentas e beijinhos.E a miúda estava a adorar. 
Foi de facto fascinante e eu gostava mesmo muito de fazer um documentário para o National Geographic sobre isto.

20 comentários:

Ricardo disse...

xD já apanhei um ou dois casos assim na aldeia da minha avó. a míuda quando for graúda ainda vai ficar fã de bondage e aquelas coisas de bater no parceiro com chicotes e pás e assim xD.

I. disse...

Tenho uma família wrestling no prédio ao lado (sim são avós, pais, filhos, tios, sobrinhos tudo ao molho, há uma criança que é tia de outras crianças, adiante) que é assim. Quando me mudei ainda pensei que era caso para tribunal de menores, depois percebi que não é defeito, é feitio. Mas mandar filhos ou netos à merda ou para o caralho ainda me parece mal, enfim. Mas não há tareias ou maus tratos, que se houvesse outro galo cantaria.

Inês disse...

Passo a vida a ver o exemplo 1. A minha família não é a wrestling,mas eu "sofria" nas mãos dos meus primos por ter muita cócega.

Pedro Coimbra disse...

Da crónica gostei.
Venha de lá então o documentário!!

@na disse...

tenho mais uma [verídica] para juntares ao teu documentário:

filho telefona à mãe a contar que na aula estava a conversar e que o professor o mandou para a última fila sozinho para não incomodar a turma. Depois do relato a resposta da mãe:
- Manda o professor 'pró C#$#*&%, agora não podes falar, queres ver?

Acho lindo!

Cate disse...

Ahahahah! Medo.

J. disse...

Uau!! Estes pais de hoje em dia, onde se vão desencantar. É que no meu tempo não era nada assim!

João Roque disse...

Acredito mesmo que haja....

S* disse...

ahahah Se são felizes assim... mas pança gorda é muito bom. :D

Malena disse...

Mito urbano?? Isso é que era bom...

Brown Eyes disse...

ahahahah Há sim senhor já vi. São os wrestling? Boa!!!

Bípede Falante disse...

Amei esse final de fazer um documentário! Genial :)
beijo

sem-se-ver disse...

cum c*** :|

e depois ainda há quem se admire por os alunos dizerem imensas asneiras, borrifando-se se estao ou nao profs a passar...

Unknown disse...

Olha, na procura dos pais perfeitos, eu até acho que uma pitada de todos os que descrevestes não fica nada mal :)

Maria Bê disse...

Anouc,
Estou a tomar notas -- lambe a pontinha do lápis e alisa a folha de papel na mesa.
Bolas, eu tenho tantas pretensões a ser chique e já falhei o primeiro exemplo... foda-se para esta merda, puta que pariu. Diz-me, é possível misturar categorias ou são mutamente exclusivas? O sobrenome cheio de letras é condição necessária?
Um sorriso!

Anónimo disse...

Ontem, aeroporto na caixa da papelaria:

Pai (tio de 50anos): -Bernardo pede aí 0.05€ à tua mãe.
Filho 12anos: - O PAI TEM BOCA. PEÇA VOCÊ!
Pai nem reagiu e diz para a filha:
-Constança de Albuquerque e Melo, tens aí 0.05€?
Constança olha com enfado para o pai, dirige-se a ele e diz:
-Olhe, segure aqui e tome lá pai.
A mãe uma tia toda mal pintada e com o cabelo todo desgrenhado mas com roupas caras olha à porta com ar de quem tomou 3 xanax.

Só visto.

Minha conclusão: Família de pacóvios armados em novos ricos mas que no fundo devem estar com a corda no pescoço com tanto crédito mas falam como pensam que é bem. Filhos sem educação e convencidos que são dum extracto social superior pois apanharam a fase em que os pais ainda viviam com o dinheiro dos créditos. Agora são uns tristes sem educação. Nota-se que o pai ao tratar os filhos por tu já está a cair na realidade mas os toscos ainda pensam que são importantes se mantiverem o tratamento por você. Estive quase para os apresentar: Constança, este é o seu pai, Bernardo este é o seu pai. Cumprimentem-se.

Se eu dissesse isto ao meu pai, levava um golpe de wrestiling bem merecido. E acho que à frente de toda a gente. Mas depois lá vinha o psicólogo dizer que as crianças não podem levar na tromba porque ficam traumatizados. Traumatizados o caralho, pá.

PS. O puto tinha um t-shirt amarela da Ferrari...já dá para ver o que pensa que é e era anafado de tanto enfardar.

Catsone disse...

São mais comuns do que pensas...

Descalça disse...

"pais wrestling"... acho a designação fabulosa! Infelizmente, não são assim tão raros.

Elsa disse...

Realmente a Felicidade está em qualquer Lugar até onde Nunca se pensou...Fonics

Narizinho Lunático disse...

Só consigo imaginar se o pai tiver sotaque portista!! LOL